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terça-feira, 5 de abril de 2011

O extremismo religioso e a invenção da culpa

É interessante o que gera o extremismo religioso, as motivações, as ações, as desculpas...

Veja o caso recente sobre o pastor estadunidense Terry Jones que anunciara em 2010 a intenção de queimar o Corão em protesto contra radicais islâmicos pelo atentado ao World Trade Center em 11/09/2001. 

Ele recebeu diversas críticas e desistiu da ideia. Mas de acordo com a BBC Brasil (02/04/2011):

"No dia 20 de março, o pastor americano Wayne Sapp ateou fogo em uma cópia do livro sagrado dos muçulmanos em uma igreja da Flórida.

O evento aconteceu na presença de Terry Jones, outro pastor da Flórida que no ano passado foi bastante condenado por seus planos de queimar uma cópia do Alcorão no aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001."

Em função desta ação, agora a reação:


Um protesto em Kandahar, no Afeganistão, contra a queima de um exemplar do Alcorão nos Estados Unidos deixou dez mortos neste sábado, de acordo com autoridades americanas.

Centenas de pessoas participaram da passeata pelo centro da cidade. Testemunhas disseram ter ouvido tiros, e carros foram incendiados pela multidão. Furiosos, os manifestantes tomaram as ruas de Kandahar gritando palavras de ordem como: "Eles insultaram o nosso Alcorão" e "Morte à América".

Na sexta-feira, sete funcionários da ONU foram assassinados em Mazar-e Sharif, depois de outro protesto contra o ato de religiosos americanos, no pior atentado contra a missão das Nações Unidas desde a invasão internacional, em 2001.

As autoridades de Kandahar e de Mazar-e Sharif culparam o Talebã pelos ataques. No entanto, o grupo rejeita as acusações.

"O Talebã nada teve a ver com isso, foi um ato puro de muçulmanos responsáveis", afirmou um porta-voz do grupo, Zabiullah Mujahid, à agência de notícias Reuters.

Mais violência
Ele disse ainda que os "estrangeiros" atraíram a ira dos afegãos ao queimar o Alcorão.

A equipe da ONU no país continua em estado de alerta máximo. No entanto, ainda não há planos de retirá-los do país. Em um episódio isolado, três insurgentes foram mortos ao atacar uma base da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Eles teriam sido parados antes de invadir o local, de acordo com representantes da Otan e da polícia afegã. 
Pelo menos um dos insurgentes estaria vestindo uma burka, de acordo com fontes da polícia citadas por agências de notícias. A cidade de Mazar-e-Sharif era considerada relativamente tranquila

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou a violência em Mazar-e Sharif, classificando-a de "ultrajante e covarde".

O presidente afegão, Hamid Karzai, disse que o ataque foi "desumano" e feriu valores islâmicos e afegãos. 
Ao todo, morreram 14 pessoas na sexta-feira. A polícia local disse à BBC que 27 pessoas foram presas em Mazar-e Sharif. O estopim da violência também foi a queima de um exemplar do Alcorão em uma igreja americana no mês passado.

O presidente americano, Barack Obama, condenou os eventos "nos termos mais duros" e disse que o trabalho da ONU no Afeganistão "é essencial para construir um país mais forte para o bem de todos os seus cidadãos".
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E dias depois, continuavam os protestos:

Estudantes protestam em Cabul contra queima do Corão  (05/04/2011)

DA EFE, CABUL 
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Centenas de estudantes da Universidade de Cabul protestaram nesta terça-feira contra a queima de um exemplar do Corão em uma igreja americana, no marco de uma onda de protestos que já deixaram 20 mortos desde a última sexta-feira.

Os estudantes gritaram palavras de ordem como "morte à América e aos judeus" nas instalações da universidade, segundo testemunhas ouvidas pela agência Efe.

A reivindicação dos manifestantes é que os responsáveis pela queima do Corão, dois pastores evangélicos de uma comunidade da Flórida, sejam levados à justiça.

"Esta é uma ação desumana e desprezível contra todos os muçulmanos do mundo. Vamos seguir protestando, a menos que sejam processados os predicadores", disse um dos estudantes, Nasser Tayyip.

Cerca de 20 pessoas foram mortas e quase 150 ficaram feridas desde a última sexta-feira em protestos no norte e sul do Afeganistão que degeneraram em violência, embora grandes reuniões em outras partes do país tenham terminado pacificamente.

Doze pessoas morreram e mais de 110 ficaram feridas em Kandahar no sábado e domingo, quando manifestantes agitando bandeiras do Taleban e gritando "Morte à América" incendiaram carros, depredaram lojas e saquearam uma escola secundária para meninas.

Na sexta-feira sete funcionários estrangeiros da ONU e cinco manifestantes afegãos morreram depois que manifestantes invadiram o escritório da ONU na cidade normalmente pacífica de Mazar-i-Sharif, no norte do país.

Os protestos foram motivados por ultraje suscitado pelo pregador fundamentalista radical cristão Terry Jones, que comandou a queima de um exemplar do Alcorão diante de 50 pessoas em uma igreja da Flórida em 20 de março.

Líderes políticos e militares ocidentais, incluindo o presidente norte-americano Barack Obama e o comandante em chefe das forças dos EUA e Otan no Afeganistão, general David Petraeus, condenaram a queima do Alcorão e também a violência que a seguiu.

As condenações parecem ter feito pouco para aplacar a indignação ou os sentimentos antiocidentais em boa parte da sociedade afegã.

Terry Jones não manifestou arrependimento quanto à queima do Alcorão e desde então prometeu liderar um protesto anti-islã diante da maior mesquita dos Estados Unidos, este mês.

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Uma ação motivada por extremismo religioso de um lado, leva a uma reação embalada por extremismo religioso por outro lado. Embora a maneira de agir e a intensidade possam ser diferentes.

O incrível é ver os manifestantes muçulmanos matar funcionários da ONU que não tem nada a ver com a queima do Corão, e também a gritar "morte aos judeus". Onde entram os judeus nessa? 

Isto me reporta há alguns anos atrás, 30 de Setembro de 2005, quando um jornal dinamarquês publicou 12 caricaturas de Maomé (Mohammed) que gerou protestos no mundo muçulmano, mortes, queima de embaixadas, etc. (Veja cronologia abaixo)

Lembro-me quando estava assistindo uma reportagem sobre o assunto na TV e muitos muçulmanos culpavam os judeus pelas caricaturas. Já em 07 de Fevereiro de 2006 é anunciado no Irã um concurso de caricaturas para ridicularizar os judeus e o Holocausto. Mas não foi um jornal dinamarquês que começou com tudo isto?

O curioso é que isto indignou judeus, mas não vimos os judeus fazerem protestos violentos pelo mundo, mortes, queima de embaixadas, etc. Quem são os intolerantes?

Veja um exemplo de "reação" que na verdade acaba por ser uma crítica dos judeus aos próprios judeus. Não sou judeu mas isso para mim é algo bem civilizado:


em 22/2/2006

Em resposta aos protestos às polêmicas charges do profeta Maomé, publicadas pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten, dois artistas israelenses lançaram uma iniciativa criativa para enfatizar a importância da sátira, da liberdade de expressão e do humor, como noticia Nirit Anderman [Haaretz, 20/2/06]. Após tomarem conhecimento sobre o concurso de cartuns sobre o Holocausto proposto por um jornal iraniano, o ilustrador Amitai Sandy e o ator e roteirista Eyal Zusman decidiram anunciar uma competição israelense de charges anti-semitas com um detalhe bastante peculiar: aberta apenas para participantes judeus.

"Nós vamos mostrar ao mundo que podemos fazer as melhores, as mais inteligentes e as mais ofensivas charges anti-semitas já publicadas", afirmou Sandy na semana passada em seu sítio, confirmando o tom autodepreciativo característico do humor judaico. Notícias sobre a competição se espalharam pela rede e, dentro de poucos dias, os organizadores haviam recebido centenas de e-mails parabenizando a iniciativa. A maior parte das mensagens vinda de judeus – algumas deles com tom de vingança. "Havia e-mails do tipo ‘Vamos mostrar a estes árabes primitivos que somos melhores do que eles", contou Sandy, alegando que, no entanto, o concurso não tem o objetivo de ser contra os iranianos, mas sim o de mostrar que é possível acabar com o ódio e o medo em relação ao anti-semitismo usando o humor.

De acordo com o ilustrador, 40 judeus já enviaram seus desenhos e a maioria deles tem como tema o Holocausto. Muitos internautas que deixam comentários no sítio são descendentes de sobreviventes de campos de concentração e afirmam não ter hesitações em lidar com este trauma.

A minoria que se mostrou contrária ao concurso, curiosamente, não é composta de judeus. Um grupo de cristãos pró-israelenses dos EUA, por exemplo, argumentou que a iniciativa é perigosa, porque anti-semitas poderiam usar as charges da competição para fazer propaganda contra os judeus. Fora da internet, o concurso reacendeu o debate na mídia sobre os limites da sátira. Sandy revelou que, em três dias, foi entrevistado por mais de 30 jornais, duas emissoras de televisão e um programa de rádio transmitido em mais de 450 estações nos EUA.

O prazo para enviar charges para o concurso termina no dia 5/3. O júri será composto por Sandy, Zusman, cartunistas israelenses e a historiadora americana Deborah Lipstadt, que escreveu um livro sobre a negação do Holocausto e tornou-se conhecida por ter sido processada, em 1998, por David Irving, historiador que negou o Holocausto e que, nesta segunda-feira (20/2), foi condenado por um tribunal austríaco a três anos de prisão. Para a legislação da Áustria, onde Hitler nasceu, sustentar a inexistência do genocídio equivale a crime.
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Em tempo - 18/08/2011: "David Letterman recebe ameaça de morte após piada sobre Al Qaeda". O autor [da ameaça] teria ficado irritado ao ver Letterman passar o dedo sobre a garganta ao se referir a Ilyas Kashmiri, dirigente da Al Qaeda morto em junho num bombardeio no Paquistão.

"Cortem a língua desse judeu rasteiro e fechem (sua boca) para sempre", disse o autor da ameaça no site Shumukh al-Islam, segundo tradução do Site. Letterman, apresentador de um popular programa de entrevistas nos EUA, não é judeu.

Veja o caso acima, o apresentador nem é judeu, mas o autor da ameaça logo tratou de chamar a pessoa de judeu. Por que tanto ódio?
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Agora um caso dentro do cristianismo que também não gerou a reação que seria esperada no mundo muçulmano. Na Espanha em Março de 2007 circulava uma denúncia, em função de futuras eleições, sobre a publicação de um material contendo fotos eróticas e pornográficas de José Antonio Montoya envolvendo temas do cristianismo. As fotos são chocantes (ver aqui). 

Parece que Montoya sofreu ameaças de morte mas as mesmas não foram concretizadas. Realmente o limite entre liberdade de expressão, ofensa religiosa e arte é muito difícil de ser avaliado. 

No entanto as reações podem ser civilizadas ou não. Também há desprezíveis exemplos dentro do cristianismo, mas não chegam perto da quantidade e intensidade promovida por radicais islâmicos atualmente.

Quanto aos muçulmanos extremistas, e que parecem ser muitos, pelas notícias apresentadas indicam estar sempre em busca de um motivo para culpar os judeus por tudo. E as reações são sempre violentas, sempre há feridos, mortos, destruição.

Quando não são judeus os culpados, sempre há outro motivo, veja abaixo. Se os muçulmanos algum dia conseguirem expulsar os judeus do Oriente Médio, haverá paz naquelas terras? Atualmente não acredito. Provavelmente os muçulmanos brigarão entre si, e devem passar a ter os cristãos por inimigos, os infiéis, que devem ser convertidos para a verdadeira religião, na visão deles. Espero estar errado neste ponto.

Com efeito, neste texto tratei dos radicais islâmicos, que muitas vezes não prestam a devida atenção ao que está escrito no Corão. É óbvio que nem todos os muçulmanos são radicais. Mas o que observo (ou seja, minha limitada observação, não é estatística comprovada) é que dentre as grandes religiões, é justamente no Islamismo onde vemos aparecer muito extremismo. Então surge a pergunta, isto está relacionado em grande parte com a religião ou é de certa forma cultural? (Tentando separar "cultura" de "religião", talvez utópico... Mas, seria uma "violência cultural" de determinados povos, que contaminaria a religião?)

Também penso no seguinte: muçulmanos de diversos países emigram para países não muçulmanos, muitos no Ocidente, abrem mesquitas, escolas, etc. Vivem num ambiente de liberdade religiosa, promovem sua religião, conseguem muitos adeptos, como vemos no Brasil, por exemplo.

Contudo, imagine o oposto, brasileiros: espíritas, umbandistas, judeus, cristãos, budistas, etc, indo para países muçulmanos. Conseguiriam eles viver em paz, abrir templos de suas religiões, pregar em público, conseguir membros para suas religiões (ou seja, ex-muçulmanos)? Duvido!

Diversos países muçulmanos não permitem outras religiões em seu território, e quando permitem, só se pode praticar dentro das próprias casas, e mesmo assim com muita dificuldade. A Tunísia talvez seja uma grande e única excessão.

Lembro-me de um problema que ocorreu com funcionários de companhias aéreas, que não podiam nem levar consigo suas Bíblias ao entrar em certos países, e isto, só de passagem. Veja aqui algumas destas notícias, são de diferentes agências de notícias, mas estão traduzidas num mesmo site:

Companhia aérea impede funcionária de levar Bíblia à Arábia Saudita (02/01/2007)

Diplomata do Vaticano pede intervenção da ONU (20/06/2011)

Cristãos não podem possuir uma bíblia ou orar juntos (22/06/2011)


Veja também: cristãos em países de maioria muçulmana muitas vezes sofrem por algo que não fizeram. Quanta intolerância!

Muçulmanos incendeiam e saqueiam igrejas cristãs na Indonésia  (08/02/2011)

Um grupo de muçulmanos indonésios incendiou e depredou igrejas cristãs e enfrentou a polícia nesta terça-feira, em meio a uma onda de violência religiosa no maior país islâmico do mundo. (ver completo)

Já na Etiópia, parece que um cristão rasgou uma cópia do Corão e veio então a reação (59 igrejas queimadas). Não se justificam a ação e nem a reação:


Mon, Mar. 07 2011 09:28 PM EDT

At least one Christian was killed and others injured when thousands of Islamic extremists set fire to 59 churches and at least 28 homes in western Ethiopia in the past five days, Christian leaders said.

More than 4,000 Christians in and around Asendabo, Jimma Zone have been displaced as a result of attacks that began on Wednesday (March 2) after Muslims accused a Christian of desecrating the Quran by tearing up a copy, sources said.

“The atrocity is still going on, and more people are suffering,” said a source in Addis Ababa who is in close contact with area church leaders.

The Christian killed, believed to have been a member of the Ethiopian Orthodox Church, has not yet been identified.

“One Orthodox believer, whose daughter is a member of Mekane Yesus Church, has been killed,” an Ethiopian church leader told Compass. “Ministers were injured, and many more believers have been displaced.”

A pastor based in the Ethiopian capital of Addis Ababa noted that evangelical church leaders have reported the attacks to authorities and asked officials for help, but no action had been taken at press time.

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Quando estas coisas vão acabar? Por que brigar por religião? Se você pensa que sua religião é melhor do que as outras, tudo bem, pratique-a, mas sem violência, sem ofensa, sem forçar conversões ou agredir quem decide mudar de religião ou simplesmente não mais acreditar.

Se alguém ofender sua religião, e se os deuses [ou deus] dela existirem, então deixe que eles "castiguem" a pessoa. Não é isto melhor? Ou você no fundo acha que eles não existem e tem que fazer por suas mãos? Não estaria isto invalidando a sua crença? Pense bem. É melhor vivermos em paz.

Eu admiro a culinária árabe, a música, etc. (Nem todo árabe é muçulmano e nem todo muçulmano é árabe, mas o islamismo é forte entre os árabes. Todavia, já não estou a tratar de religião). Os árabes têm muito mais a oferecer ao mundo, e eu os admiro.

(FIM)





Veja a cronologia das caricaturas:


07 de fevereiro de 2006 • 14h58 • atualizado em 09 de fevereiro de 2006 às 08h46 

Quatro meses depois de sua publicação em um jornal dinamarquês, as caricaturas de Maomé desencadearam uma onda de protestos nos países muçulmanos.

- 30 de setembro de 2005: o jornal conservador Jyllands-Posten, o de maior tiragem da imprensa dinamarquesa, publica 12 caricaturas com o título de "As faces de Maomé". Os representantes da comunidade muçulmana na Dinamarca exigem a retirada das charges e um pedido de desculpas oficial.

- 12 de outubro de 2005: o redator-chefe do Jyllands-Posten afirma ter recebido ameaças de morte.

- 14 de outubro de 2005: milhares de pessoas gritam "Só existe um Deus e Maomé é seu profeta" em uma manifestação em Copenhague.

- 20 de outubro de 2005: onze embaixadores de países muçulmanos na Dinamarca protestam contra a publicação das caricaturas. O primeiro-ministro, Anders Fogh Rasmussen, se nega a recebê-los.

- 29 de dezembro de 2005: os ministros árabes das Relações Exteriores reunidos na sede da Liga Árabe, no Cairo, "rejeitam e condenam este ataque contra a santidade das religiões, dos profetas e dos nobres valores do Islã".

- 5 de janeiro de 2006: Dinamarca e Liga Árabe decidem distribuir nos países árabes uma carta do primeiro-ministro dinamarquês que, embora defenda a liberdade de expressão, condena "toda ação ou declaração que trate de demonizar determinados grupos devido à sua religião ou etnia".

- 10 de janeiro de 2006: a revista cristã norueguesa Magazinet publica as caricaturas em nome da "liberdade de expressão", com a autorização do Jyllands-Posten.

- 21 de janeiro de 2006: a União Internacional de Ulemás Muçulmanos ameaça no Cairo incitar "milhões de muçulmanos do mundo a boicotar os produtos e as atividades dinamarquesas e norueguesas".

- 26 de janeiro de 2006: Arábia Saudita decide pelo retorno de seu embaixador em Copenhague para consultas. A empresa de lacticínios sueco-dinamarquesa Arla Foods começa a sofrer os efeitos do boicote na Arábia Saudita, que rapidamente se estende para Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e para a região do Magreb.

- 30 de janeiro de 2006: os países escandinavos anunciam medidas para proteger seus cidadãos residentes no Oriente Médio. O Jyllands-Posten pede desculpas aos muçulmanos ofendidos pelas caricaturas, em uma carta à agência jordaniana Petra.

- 31 de janeiro de 2006: a Magazinet pede desculpas apara aqueles que ficaram ofendidos com a sua iniciativa. Os ministros do Interior dos países árabes, reunidos em Túnis, pedem ao governo dinamarquês que "puna com firmeza" os autores das caricaturas.

- 1º de fevereiro de 2006: vários jornais europeus publicam as caricaturas em nome da liberdade de imprensa.

- 4 de fevereiro de 2006: as embaixadas da Dinamarca e da Noruega em Damasco são incendiadas.

- 5 de fevereiro de 2006: os protestos violentos contra as caricaturas se estendem pelo mundo árabe.

- 6 de fevereiro de 2006: quatro manifestantes afegãos são mortos a tiros durante as manifestações de protesto em Mihtarlam (Afeganistão) e Cabul contra as caricaturas. Na Somália morreu um outro manifestante e várias pessoas ficaram feridas em Bossaso (nordeste do país) durante um confronto entre as forças de segurança. Centenas de iranianos atacam as embaixadas da Dinamarca e da Áustria em Teerã, ao mesmo tempo em que a República Islâmica decide suspender seus intercâmbios comerciais com os dinamarqueses.

Os chefes de redação dos dois jornais jordanianos que foram detidos em 4 de fevereiro por terem publicado as caricaturas, e posteriormente foram libertados, voltaram a ser presos em Amã, depois da apelação do promotor-geral.

- 7 de fevereiro: quatro manifestantes afegãos morrem durante o ataque a um campo da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) no Afeganistão administrado pelo exército norueguês em Maimana, no norte do país.

Um turco de 16 anos é detido pelo assassinato, no dia 5, de um padre católico italiano em Trabzon, nordeste da Turquia. O canal NTV assegura que o jovem confessou ter matado o padre por causa das caricaturas.

- 9 de fevereiro: o jornal dinamarquês Jyllands Posten pediu desculpas aos muçulmanos por ter publicado a série de 12 charges do profeta Maomé em carta transmitida à imprensa argelina por meio da embaixada da Dinamarca em Argel. 
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7 de fevereiro de 2006 • 21h09

A fundação "Holocausto" da Rússia reagiu nesta terça-feira com indignação à convocação no Irã de um concurso internacional de caricaturas sobre a aniquilação de milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial pelo Exército de Hitler.

"Esta é uma ação coordenada para espalhar o ódio contra Israel e o Ocidente nos países muçulmanos. É um ato de represália pelas caricaturas de Maomé reproduzidas em jornais europeus", disse Ala Guerber, presidente desta fundação, criada em 1995.

Guerber pediu à comunidade internacional para conter a campanha anti-semita lançada pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que inclusive colocou em dúvida várias vezes a veracidade do holocausto.

"É um sintoma muito perigoso. O mundo deve entender que se trata de uma abominável provocação política. Se não pararmos agora, a cadeia de fatos dos últimos dias pode desembocar em um choque entre civilizações e em uma situação de 'pré-guerra'", disse.

O concurso internacional de charges foi convocado em sua edição de hoje pelo jornal Hamshahri de Teerã, sob o título "Onde está o limite da liberdade do Ocidente?".

O jornal convocou o prêmio, no qual colabora a Casa de Caricaturas do Irã, em resposta ao jornal dinamarquês que, segundo o meio de imprensa, "convocou vários caricaturistas para insultar os valores do Islã" em setembro do ano passado.

Na mesma linha, o Grande Rabino da Rússia, Adolf Shayévich, considerou hoje o concurso de charges sobre o holocausto como uma "inadequada" reação à reprodução de caricaturas de Maomé em vários jornais europeus. 
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