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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Brasil só fica atrás da China em expansão de investimento em dívida estadunidense

"Dados do Tesouro americano divulgados nesta segunda-feira mostram que o Brasil foi o país que registrou o segundo maior aumento em aplicações em títulos do governo dos Estados Unidos no último ano, somente atrás da China."

Isto não parece ser uma boa notícia, porque a maior parte de nossas reservas internacionais estão em títulos estadunidenses. Qualquer calote nos afetará e muito.


Brasil só fica atrás da China em expansão de investimento em dívida americana

Alessandra Corrêa - Da BBC Brasil em Washington
Atualizado em  19 de julho, 2011 - 06:51 (Brasília) 09:51 GMT

O dado é divulgado em um momento em que cresce a tensão quanto ao risco de calote por parte dos Estados Unidos, caso o Congresso não chegue a um acordo para elevar o teto da dívida pública do país até o prazo de 2 de agosto.

Em maio, último dado disponível, o Brasil tinha US$ 211,4 bilhões (cerca de R$ 333 bilhões) aplicados em títulos do governo americano, valor que representa crescimento de 30,89% em um ano e mantém o Brasil como quinto maior credor externo dos Estados Unidos – atrás de China, Japão, Grã-Bretanha e um grupo de países exportadores de petróleo.

Entre os 10 principais credores, o Brasil foi o que registrou o segundo maior crescimento entre maio de 2010 e maio de 2011. No mesmo período, a China aumentou em 33,6% sua compra de papéis do governo americano, chegando a US$ 1,16 trilhão, mais de um terço de suas reservas internacionais.

No caso do Brasil, o valor aplicado nesses títulos representa quase dois terços das reservas internacionais, de US$ 340 bilhões.

O aumento das aplicações brasileiras em títulos do Tesouro americano vem acompanhando o crescimento das reservas do país. Em dezembro de 2004, com as reservas brasileiras em US$ 50 bilhões, o país tinha um total de US$ 15,2 bilhões em títulos da dívida americana. Em dezembro de 2007, quando as reservas já chegavam a US$ 178 bilhões, as aplicações em títulos estavam em US$ 129,9 bilhões.

Investimento seguro

Maio foi o segundo mês de aumento consecutivo no valor investido pelo Brasil em títulos do Tesouro americano. De março a abril, o montante já havia crescido de US$ 193,5 bilhões para US$ 206,9 bilhões.

A mesma tendência de crescimento foi registrada entre outros grandes credores, como a China, apesar de o governo americano ter anunciado em 16 de maio que os Estados Unidos haviam atingido o limite legal de endividamento público, de US$ 14,3 trilhões, e que, caso esse teto não seja elevado até 2 de agosto, irão ultrapassar o limite e, pela primeira vez, poderá deixar de cumprir seus compromissos financeiros.

Segundo analistas, essa tendência pode indicar que, apesar das preocupações com um possível calote dos Estados Unidos – expressadas não apenas pelo governo mas também pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e por agências de classificação de risco, em meio às dificuldades de um acordo entre democratas e republicanos no Congresso para elevar o teto da dívida –, os papéis do Tesouro americano ainda são considerados um investimento seguro.

"Os Estados Unidos não vão perder seu status de porto seguro por causa de uma ultrapassagem de curto prazo do teto da dívida", disse à BBC Brasil o economista Gregory Daco, da consultoria IHS Global Insight.

Risco

Assim como outros economistas, Daco aposta em um acordo antes de 2 de agosto, evitando que os Estados Unidos deixem de cumprir seus compromissos financeiros.

No entanto, o impasse no Congresso já levou as principais agências de classificação de risco a alertarem sobre a possibilidade de rebaixamento da nota dada aos Estados Unidos (atualmente é "AAA", a mais alta existente), atestado de que um país tem grande capacidade de cumprir seus compromissos financeiros.

A Standard & Poor's e a Moody's já haviam colocado a nota dos Estados Unidos em revisão, com risco de rebaixamento caso o Congresso não autorize o aumento do teto da dívida. Nesta segunda-feira foi a vez da agência Fitch avisar que, "na hipótese pouco provável de o teto não ser elevado antes de 2 de agosto", colocará a classificação do país em observação negativa.

Diante dessa movimentação toda, a China já se manifestou na semana passada, dizendo esperar que o governo americano adote "políticas responsáveis" para garantir o interesse dos credores.

Segundo o economista da IHS, mesmo que o teto da dívida não seja elevado a tempo e a classificação dos Estados Unidos realmente seja rebaixada, é difícil calcular o efeito entre os credores, apesar do impacto "muito negativo" na economia americana.

"Os investidores teriam de encontrar alternativas para aplicar seu dinheiro", diz Daco. "No caso do Brasil, quinto maior credor, não acredito que iria simplesmente retirar suas aplicações nos títulos do Tesouro de uma hora para outra."

"Uma solução seria reorientar esses investimentos para ativos mais seguros. Eu poderia citar investimento em ouro ou em títulos de outros países, como a Alemanha", diz o analista.

No entanto, em um momento em que países europeus enfrentam uma crise de dívida e de credibilidade, muitos deles com seus ratings já rebaixados ou sob ameaça, torna-se mais difícil encontrar alternativas.

Crescimento

O analista da IHS diz acreditar que, na hipótese "improvável" de o teto da dívida não ser elevado até 2 de agosto, isso seria feito imediatamente depois, resolvendo o problema no curto prazo.

E mesmo em meio às dúvidas e ao impasse no Congresso, Daco diz apostar que os investimentos em títulos do Tesouro americano vão continuar a registrar crescimento quando forem computados os dados de junho. "Em julho, vamos ver o que acontece. Mas minha tendência é dizer que não deve haver grande mudança."

Segundo o economista, o ritmo lento da recuperação da economia americana após a crise mundial, aliado às recentes tensões em países do Oriente Médio e do norte da África e à crise de dívida na Grécia e em outras economias europeias, contribuíram para uma atmosfera de incerteza no mercado financeiro. E em períodos assim, diz Daco, títulos do Tesouro são considerados a alternativa mais segura.

"Isso tudo levou os investidores a buscarem segurança nos títulos do Tesouro americano", afirma o analista.

"Neste momento, os investidores não estão preocupados com o teto da dívida. Eles estão mais preocupados com o crescimento (da economia americana)", diz.
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Boa notícia: Brasil supera Índia em lista de inovação

Aos poucos vamos testemunhando melhoras no país. 

Há muito o que melhorar, mas, não estamos parados. No entanto, em países continentais, lembre-se, as mudanças sempre levam décadas para acontecer.


Brasil supera Índia em lista de inovação

20/07/2011 - 08h20 - Folha de São Paulo
GABRIEL BALDOCCHI - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Brasil avançou 21 posições no ranking mundial de inovação de 2011 elaborado pela Confederação da Indústria da Índia em parceria com o instituto de administração europeu Insead e a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Wipo, na siga em inglês).

A alta no ranking representa mais uma recuperação de uma queda do que uma grande evolução. Em 2009, o país ocupava a posição de número 50 na lista das 125 nações. Caiu para o 68º lugar no ano passado e voltou a subir neste ano, para o posto de 47.

Ficou à frente de Rússia e Índia, perdendo apenas para a China no grupo dos Brics. Suíça e Suécia lideram o ranking neste ano.

A classificação é feita a partir da ponderação de mais de 50 indicadores, agrupados em dois subitens.

Uma divisão reúne informações sobre o ambiente de inovação, com dados desde educação e infraestrutura até a incidência de impostos.

Na outra ponta aparecem os resultados no campo da inovação. São dados como produção de patentes, artigos científicos e exportação de bens criativos.

O Brasil vai melhor nessa segunda área. Enquanto o país foi o 32º nos resultados, figurou o 68º lugar na lista por ambiente de inovação.

A relação entre os dois deu destaque ao país, que ficou na 7ª posição na classificação de eficiência. Significa dizer que o Brasil conseguiu um bom saldo na área de inovação com um ambiente ainda desfavorável.

A parte dos resultados é também a que gerou a oscilação de posições nos últimos anos. Nesse subítem, o país ganhou mais de 40 posições de 2010 para este ano. Boa parte da explicação para tamanha mudança está na incorporação de novos indicadores, como a produção nacional de filmes, que passou a ser considerada neste ano.

INDICADOR

Roberto Nicolsky, diretor-geral da Protec (Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica), questiona a liderança do Brasil em relação à Índia. Para ele, a grande variação do país sugere a ineficiência do indicador.

A Índia perdeu posições por conta de seus indicadores de ambiente para inovação. No item capital humano, que reflete políticas educacionais, o país caiu mais de 60 posições em um ano.

Nicolsky cita o deficit de serviços e produtos de alta tecnologia e média-alta tecnologia como justificativa. A cifra saiu de US$ 20 bilhões em 2006, para mais de US$ 80 bilhões em 2010.

O presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica, Luiz Antônio Antoniazzi, avalia que houve uma melhora na cultura de inovação e cita a exigência de conteúdo nacional para o setor de petróleo como exemplo de política de incentivo. Ainda assim, ele afirma não ser possível comparar Brasil e Índia. 

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Mundo: Venezuela tem a maior reserva de petróleo no mundo, diz Opep - E o pré-sal?


Será que a OPEP levou em conta o pré-sal? 

Esta não deveria ser uma pergunta dos repórteres da Folha? Reservas comprovadas do Brasil? Tem ou não tem as partes do pré-sal? Até leilão com o pré-sal já foi efetuado.


Venezuela tem a maior reserva de petróleo no mundo, diz Opep

18/07/2011 - 18h08 - Folha de São Paulo

A Venezuela ultrapassou a Arábia Saudita em tamanho de reservas confirmadas de petróleo cru em 2010, conforme informou relatório anual da Opep (Organização do Países Exportadores de Petróleo).

Segundo o documento, as reservas venezuelanas chegaram a 296,5 bilhões de barris no ano passado, crescendo 40,4% em comparação a 2009. O nível das reservas da Arábia Saudita ficou em 264,5 bilhões de barris.

O governo venezuelano já havia afirmado em janeiro deste ano que havia ampliado as reservas petrolíferas no país a aproximadamente 297 bilhões de barris, mas o número ainda aguardava a confirmação da Opep, uma vez que a quantia era baseada em informações da estatal venezuelana PDVSA e das empresas transnacionais no país.

Levando em conta o mesmo critério, o Brasil era o 14º no ranking de maiores reservas comprovadas de petróleo em 2010, com um total de 12,9 bilhões de barris. O valor corresponde a um crescimento de 0,4% em relação a 2009.
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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Política: milagre em Brasília !!!

Dono da maior votação proporcional do País, José Antônio Reguffe chega à Câmara disposto a reduzir o salário dos deputados e o número de parlamentares no Congresso

Vale a pena ler as 2 reportagens que posto abaixo:

terça-feira, 12 de julho de 2011

Meio-ambiente: Dinamarqueses vão importar lixo para geração de energia

Faz tempo que falo sobre isso. O Brasil está sempre desperdiçando oportunidades, e neste caso, jogando fora muita energia, que representaria além de economia financeira e de recursos fósseis, menos poluição e barateamento de serviços. 

Os governos poderiam utilizar o biogás para alimentar as frotas de ônibus do transporte coletivo, isto iria reduzir o preço das passagens, reduzir o consumo de combustíveis fósseis, acabar com os lixões, etc.

O biogás poderia também ser utilizado para aquecimento das casas ,prédios públicos e escolas, nas regiões frias do país.

Acordem políticos e empresários brasileiros!


11/07/2011 - 08h19 - Folha de São Paulo
SABINE RIGHETTI - ENVIADA ESPECIAL A COPENHAGUE

A produção de biogás e outros produtos a partir de lixo está dando tão certo na Dinamarca que o país deve importar resíduos a partir de 2016.

Nesse ano ficará pronta uma nova usina de processamento de lixo da cooperativa Amagerforbrænding, hoje a segunda maior do país.

A ideia é comprar resíduos de países do norte e do leste da Europa, como Alemanha e Polônia, para dar conta da capacidade total da usina.

Hoje, a Dinamarca processa 100% do lixo que produz em empresas privadas e em cooperativas sem fins lucrativos (esse é o caso da Amagerforbrænding).

A população separa o lixo em casa e também leva os recicláveis até postos de troca.

"Os dinamarqueses estão bastante acostumados a trocar garrafas de plástico e latas de alumínio por moedas", disse à Folha a ministra do Clima e Energia da Dinamarca, Lykke Friis.

A Amagerforbrænding processou no ano passado cerca de 400 mil toneladas de lixo, ou 400 caminhões carregados todos os dias.



ADEUS AOS FÓSSEIS

O tratamento de lixo reduz a emissão de CO2, principal gás do aquecimento global.

Além disso, no caso da Dinamarca, o biogás produzido a partir do lixo substitui os combustíveis fósseis que seriam usados para aquecimento das casas.

De acordo com Vivi Nør Jacobsen, da cooperativa, 4 kg de lixo processados na usina equivalem a 1 l de óleo para aquecimento das casas.

"A atividade da usina está dentro da proposta do governo de acabar com o uso de combustíveis fósseis no país até 2050", explica Jacobsen.

A Amagerforbrænding também tem uma proposta de aproximar o processamento do lixo da sociedade.

A nova fábrica será em Copenhague, assim como a atual, que é de 1970 e se destaca por ser limpa e colorida.
A diferença é que a usina que será inaugurada ficará ainda mais perto do palácio real dinamarquês e funcionará como um espaço público, tendo até pista de esqui.

"Queremos mostrar que uma usina de processamento de lixo não precisa ser feia e fedida", explica Jacobsen.
No Brasil, algumas iniciativas de reciclagem funcionam bem. Por exemplo, quase todas as latinhas de alumínio são recicladas no país.

Os lixões a céu aberto continuam predominando no Brasil pelo menos até 2014.

Esse é o prazo final estipulado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada no ano passado, para que todos os lixões sejam completamente fechados.

O objetivo é ter aterros sanitários para os resíduos que não possam ser tratadas - e reaproveitar o restante.

A jornalista SABINE RIGHETTI viajou a convite do Consórcio do Clima da Dinamarca
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Meio-ambiente: Látex de flor e sílica dão vida a "pneu verde"


12/07/2011 - 07h36 - Folha de São Paulo

O pneu continua preto, mas fabricantes fazem questão de chamá-lo de verde. Além da busca por eficiência, reduzindo consumo de combustível e emissões de poluentes, fabricantes pesquisam alternativas à borracha sintética.

Cientistas da Universidade de Müster, na Alemanha, desenvolvem um látex extraído da flor dente-de-leão, que começou a ser testado em pneus da Continental.

Os bioquímicos da universidade descobriram a enzima responsável pela rápida coagulação do látex e inibiram sua ação. Isso permite que a seiva escorra livremente, possibilitando a exploração industrial.

A borracha natural do dente-de-leão reduziria o uso de petróleo, uma fonte não renovável, empregado na fabricação da borracha sintética.

Outra vantagem é que ao cultivo é mais fácil e barato que o da seringueira -- é dela que é extraída a seiva da borracha tradicional.

O dente-de-leão fica pronto para a colheita em um ano. A seringueira leva de cinco a sete anos, está sujeita a fungos e as plantações atuais têm demanda maior que a oferta.

SÍLICA

Mesmo nos pneus tradicionais, de borracha sintética, há compostos que diminuem o atrito na rolagem -- o que aumenta a vida útil do pneu e reduz consumo e emissões -- sem perder desempenho de aceleração e de frenagem.

A sílica é um deles. Antes restrita a pneus de alta performance, ela aparece cada vez mais em pneus de entrada.

Segundo Roberto Falkenstein, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Pirelli, a família de pneus Cinturato P1 e P7 e Scorpion Verde usam até 30% de sílica. "Os pneus de corrida, por exemplo, usam apenas 8%", destaca.

A sílica permite que o pneu trabalhe com temperaturas mais baixas e sofra menos deformação ao tocar o solo. Isso faz com que o consumo de combustível caia cerca de 6%, apontam estudos da Pirelli. É o suficiente para, na vida útil do pneu (estimada em 60 mil quilômetros), economizar 3,6 pneus.

Para Falkenstein, a nova tecnologia também reduz as emissões de CO2. "O atrito do pneu é responsável por 20% das emissões de CO2 do carro. Quando reduzimos o arrasto, baixamos também as emissões de poluentes", diz.
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Agrotóxico biológico não precisa mais ter símbolo da caveira

Agrotóxico biológico não precisa mais ter símbolo da caveira

11/07/2011 - 17h30
DA AGÊNCIA BRASIL - via Folha de São Paulo

Os agrotóxicos biológicos de controle de pragas, menos agressivos à saúde humana que os defensivos químicos tradicionais, não são mais obrigados a apresentar, em embalagens e bulas, o símbolo da caveira (desenho de um crânio humano sobre dois ossos em X). A liberação foi autorizada pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

A decisão faz parte de um programa governamental de incentivo ao registro de produtos biológicos, que busca ampliar o uso de defensivos desse tipo, conhecidos tecnicamente como produtos biológicos de controle, e reduzir o prazo para avaliação dos pedidos de certificação.

A decisão, publicada no "Diário Oficial" da União, considerou as conclusões do CTA (Comitê Técnico para Assessoramento para Agrotóxicos), que reúne integrantes do Mapa, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).

O governo espera que, até 2015, de 7% a 10% dos agrotóxicos autorizados para venda no Brasil sejam biológicos.

Hoje, eles representam apenas 3% do segmento. Das 1.430 marcas comerciais permitidas, apenas 41 são biológicas ou semelhantes.

A lista dos agrotóxicos que tem venda autorizada no Brasil está disponível na internet.

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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Energia Nuclear: Brasil e Argentina, cooperação nuclear

Brasil e Argentina, cooperação nuclear

06/07/2011 - O Estado de São Paulo - via JC
Artigo de Antonio de Aguiar Patriota e Héctor Marcos Timerman
(ministros das Relações Exteriores do Brasil e da Argentina.)

No próximo dia 18 de julho completam-se 20 anos da assinatura, entre a República Federativa do Brasil e a República Argentina, do Acordo para o Uso Exclusivamente Pacífico da Energia Nuclear. Por meio desse acordo, a Argentina e o Brasil renunciaram conjuntamente ao desenvolvimento, à posse e ao uso das armas nucleares, afirmaram seu compromisso inequívoco com o uso exclusivamente pacífico da energia nuclear e criaram a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc), para controlar os compromissos assumidos.

Cinco meses depois, os dois países firmaram um acordo quadripartite com a Abacc e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), para a aplicação de salvaguardas abrangentes em todas as suas instalações nucleares. Esse passo transformou substancialmente o caráter de nossa relação bilateral no plano político. O tema nuclear deixou definitivamente de ser um ponto de possíveis suspeitas e se converteu num pilar central da confiança e da cooperação na relação estratégica entre os dois Estados sul-americanos, mediante um processo negociador e uma estrutura jurídica sem precedentes em nenhuma outra região.
 
A grande maioria dos países do mundo adotou os compromissos e controles internacionais em matéria nuclear ao aderir ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Nós iniciamos esse caminho por meio do acordo bilateral e do acordo quadripartite, para, em seguida, nos somarmos ao Tratado de Tlatelolco - que transformou a América Latina e o Caribe numa Zona Livre de Armas Nucleares - e ao TNP.

O Brasil e a Argentina estiveram também entre os primeiros países a assinar e a ratificar o Tratado para a Proibição Completa dos Testes Nucleares (CTBT). A criação da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares representou a culminação, em termos jurídicos, de um processo de aproximação iniciado pelos então novos regimes democráticos da Argentina e do Brasil, com a Declaração Conjunta sobre Política Nuclear, de Foz de Iguaçu, em 1985. Ao mesmo tempo, constituiu o ponto de partida para a consolidação de uma relação bilateral estratégica numa área central da segurança internacional.

Na Abacc - que é uma organização independente -, as inspeções das instalações nucleares argentinas são levadas a cabo por inspetores brasileiros, e as inspeções das instalações nucleares brasileiras são conduzidas por inspetores argentinos. Essa dinâmica gerou, por si mesma, um elevado grau de confiança mútua sobre natureza pacífica dos nossos programas nucleares.

Igualmente importante é a plena confiança que a Agência Internacional de Energia Atômica tem no trabalho da Abacc. Os dois organismos atuam de forma independente, porém complementar, buscando sinergias e evitando a duplicação de esforços. É a partir dessa referência que nos temos posicionado conjuntamente ante as diferentes questões que se colocam no debate sobre os temas nucleares.

Temos muito clara a prioridade que a comunidade internacional deve atribuir ao desarmamento nuclear, entre os esforços para evitar a proliferação e construir um mundo mais pacífico e seguro, sem a ameaça das armas de destruição em massa. As recentes Declarações Conjuntas sobre Cooperação Nuclear, de 3 de agosto de 2010 e de 31 de janeiro de 2011, mostram a amplitude e a profundidade que alcançou essa relação e ratificam o compromisso da Argentina e do Brasil com um caminho conjunto.

Esses pronunciamentos presidenciais destacam o caráter singular da Abacc como mecanismo de construção da confiança mútua e internacional que assegura o controle de todas as atividades nucleares da Argentina e do Brasil, e como fundamento da cooperação bilateral em matéria nuclear. Ao mesmo tempo, decidem que a Abacc deve ser constantemente aperfeiçoada e reforçada em suas funções e seus objetivos.

Em seu 20.º aniversário, esta Abacc consolidada começou a participar, com status de observadora, das reuniões da Junta de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica, da mesma forma que nela atua, por exemplo, a agência européia - a Comunidade Europeia da Energia Atômica (Euratom ou CEEA).

Além disso, numa coincidência de caráter histórico, há menos de duas semanas o Grupo
de Supridores Nucleares (NSG, na sigla em inglês), integrado por 46 países, estabeleceu
novos requisitos para a transferência das tecnologias mais avançadas no campo nuclear e reconheceu naquele ato, numa decisão sem precedentes, a participação na Abacc como critério alternativo ao cumprimento do Protocolo Adicional da Agência Internacional de Energia Atômica.

O significado da experiência argentino-brasileira na promoção da transparência e da confiança mútua no campo nuclear foi também reconhecido em diversos documentos da
AIEA e das conferências do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Serve, assim, de exemplo e fonte de inspiração para outras regiões do mundo, onde, infelizmente, a presença de armas nucleares e de outras armas de destruição em massa é ainda uma realidade.

Celebrar a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares é celebrar uma Argentina e um Brasil que olham para o mundo a partir de sua relação estratégica. É celebrar nossa vocação regional para a paz.
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domingo, 10 de julho de 2011

Mais um na Lei Seca: Romário tem habilitação apreendida em blitz

Depois de Aécio Neves e Índio da Costa, agora é a vez de Romário:


10/07/2011 - 13:27:54
Alfredo Junqueira/RJ, de O Estado de S.Paulo

O ex-jogador de futebol e deputado federal Romário (PSB-RJ) teve a carteira de habilitação apreendida por uma blitz da Operação Lei Seca, no início da madrugada deste domingo, 10. Ele se recusou a fazer o teste do bafômetro e teve que entregar o documentos aos fiscais da Secretaria de Estado de Governo que conduziam a operação.

Romário passava pela Avenida Armando Lombardi, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, quando foi parado pela blitz. Como não havia irregularidades na documentação de sua Land Rover, o carro não foi apreendido.

De acordo com a assessoria de imprensa do Governo do Rio, o deputado estava acompanhado de uma pessoa habilitada a dirigir e que não havia ingerido bebida alcoólica. Foi essa pessoa, que não teve a identidade revelada, que levou o carro do ex-jogador.
O parlamentar e ex-atacante do Flamengo, Vasco, Fluminense, Seleção Brasileira, além de times estrangeiros, vai responder a um processo administrativo no Departamento Estadual de Trânsito do Rio (Detran-RJ) e terá que pagar uma multa de R$ 957,70. Sua carteira de habilitação ficará retida por cinco dias.

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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Notícia interessante: Gasto federal em políticas sociais cresceu 146% em 15 anos, diz Ipea

Vamos analisar com cuidado a notícia abaixo, divulgada pela Folha de São Paulo, ao apresentar um estudo do Ipea:


08/07/2011 - 12h19 - Folha de São Paulo

Os gastos do governo federal em políticas sociais passaram de R$ 219,7 bilhões em 1995 para R$ 541,3 bilhões em 2009, um aumento de 146%, segundo estudo divulgado nesta sexta-feira pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Os dados mostram ainda que, em 1995, os gastos sociais federais representavam 11,24% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

Em 2009, o percentual chegou a 15,8%, o maior patamar verificado nos 15 anos analisados.

De acordo com o Ipea, essa trajetória de crescimento, embora permanente, não foi homogênea. "Há momentos mais lentos, como 2002/2003, e outros mais velozes, como 1996/1997 e 2006/2007", diz o relatório.
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Comentários:

Comparação entre os gastos em 1995, R$ 219,7 bilhões e em 2009, R$ 541,3. Então ocorreu um aumento de 146%. Certo? (acredito que sejam 246%... e em termos do PIB 140,6%.)

Mas isto em números absolutos, como apresentado acima. No entanto este tipo de comparação engana.

Será que R$ 1,00 em 1995 equivale a R$ 1,00 em 2009? Ou seja, o que você comprava com R$ 1,00 em 1995, você conseguia comprar com R$ 1,00 em 2009? Entenderam onde queremos chegar?

Em valores absolutos, e com inflação por exemplo, os valores sempre aumentam com o passar do tempo, o que não necessariamente significa que se está fazendo mais.

O que temos que prestar mais atenção no estudo é, por exemplo, a comparação em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) de cada época. Neste caso a comparação fica algo plausível, embora deve-se ter o cuidado em analisar as condições macroeconômicas de cada época.

Deste modo, pelo estudo, os gastos sociais federais em 1995 representavam 11,24% do PIB, e em 2009 15,8%.

Daqui podemos extrair alguma informação. Isto significa que uma variação de 11,24% para 15,8% representa um aumento de 40,57% além dos 11,24% já gastos em 1995. Como o primeiro ano da análise começa em 1995, parte deste aumento ocorreu no governo FHC e parte no governo Lula. Ou seja, nem todo este crescimento ocorreu no governo Lula.

Vemos assim, os programas sociais iniciados no governo Itamar, outros iniciados e ampliados no governo FHC,  redesenhados e consolidados no governo Lula, representam uma conquista social brasileira que avança ao longo destes governos e foi viabilizada pela estabilização econômica do país, e pela mobilização da sociedade.

Mas, por que as pessoas têm a sensação de que o governo Lula fez muitíssimo mais do que o governo de FHC?

Primeiro porque as propagandas ressaltam isso.

Segundo, porque a estabilização econômica foi um esforço enorme, gasta tempo e dinheiro. As crises mundiais podem também consumir recursos, reservas internacionais, etc.

Terceiro, porque com o passar do tempo e em uma melhor realidade econômica, com valorização do salário mínimo, aumento do poder aquisitivo, naturalmente pode-se fazer cada vez mais.

Com "a casa arrumada", e com o aumento do PIB, cada porcentagem do PIB aplicado em programas sociais tem um efeito maior do que em anos anteriores. Assim, se o governo Lula aplicasse tanto quando o governo FHC, naturalmente atingiria mais pessoas, porque o PIB do país aumentou.

Como foi aplicado ao longo do tempo cada vez mais (nos dois governos), o crescimento nos investimentos sociais atingem cada vez mais pessoas.

Os governos Itamar-FHC tiveram que gastar tempo para barrar a hiperinflação e a perda de poder aquisitivo. Veja o salário mínimo, em 1995 detinha apenas 20% do poder aquisitivo em relação ao salário em 1940 (ano em que foi instituído). Coletei uns dados do Dieese e fiz o gráfico abaixo para melhor ilustrar isso:


Veja a tendência de queda desde a década de 60 (em função de acontecimentos antes e depois da década de 60), em função do endividamento para grandes obras do Brasil, a construção de Brasília, a crise do petróleo na década de 70, etc.

As pessoas podem não achar isso grande coisa, mas barrar a queda de poder aquisitivo é um esforço muito grande, e num país continental, qualquer reforma leva muito tempo. E a pressão é grande. 

Veja por exemplo. Durante os tempos de hiperinflação, existiam instituições financeiras especializadas em ganhar dinheiro com a desestabilização da economia. Uma vez estabilizada, muitas destas instituições faliram. Quantas pessoas perderam o emprego e culparam o Governo? Quantos empresários devem ter pressionado o Governo? É difícil lidar com estas coisas.

Pelo gráfico acima, vemos que a partir de 1995 a coisa começou a melhorar. Se mantidas as mesmas condições, a tendência da curva é sempre crescer. É isso que fez o governo Lula na área econômica, seguindo as mesmas diretrizes do governo anterior (lembram da "carta aos brasileiros?"). E será assim se o governo Dilma mantiver as condições e continuarmos a observar o "natural" crescimento da curva, isto é, do poder aquisitivo do salário mínimo.

Em 15 anos (1995 a 2010) o salário mínimo saltou de 20% para 40% do poder de compra em relação a 1940 (100%, base da comparação). Veja bem, foram 15 anos para uma pequena melhora!

As pessoas precisam entender que mudanças num país continental são lentas. E mais, foram décadas para o salário perder valor, é normal levar décadas para recuperar este valor.

É "natural", ou seja, somos otimistas, esperar que daqui 15 anos este poder aquisitivo esteja em 60% ou 70% do valor de 1940.

Veja esta tendência otimista com mais números. Agora uma comparação entre o "salário mínimo nominal" (o que o trabalhador recebe) e o "salário mínimo essencial" (o valor que deveria ter em relação ao previsto na Constituição, desde 1940). Com dados do Dieese:

Evolução em 15 anos Março de 1995 Março de 2011

SM essencial

SM nominal


R$ 739,24

R$ 70,00


R$ 2.247,94

R$ 545,00

Razão Essencial / Nominal: ~ 10 Essencial / Nominal: ~ 4
(Quanto mais próxima de 1 é a razão, melhor)


Em 1995 com 1 salário mínimo era possível comprar 1 cesta básica, e em 2010 era possível adquirir 2 cestas básicas. A razão entre o salário essencial e nominal caiu de 10 para 4 em mais ou menos 15 anos (16 para ser exato). O ideal é que esta razão seja igual a "1".

Portanto, é "natural" esperar que nos próximos 15 anos a razão entre o essencial e nominal caia para 1,5. Ou seja, o salário mínimo terá quase o valor que deveria ter em relação ao que é previsto na Constituição.

>> Podemos pensar que em 20 anos o salário mínimo alcance o valor essencial (razão igual a 1). Será uma grande conquista para os brasileiros.

O crescimento do salário deve ser lento e gradativo, para não gerar inflação alta. Não se pode aumentar o valor do salário de maneira irresponsável.

Mas, nada disso será possível sem expandir a matriz energética do país. Em outras palavras, isto significa  novas usinas de energia. Sem elas, não há como sustentar as indústrias.

E você, como a grande maioria, quer geladeira, máquina de lavar roupas, TV, celular, carro, móveis, casa/apartamento, etc. Sem energia não há indústria. Sem indústria não há expansão dos empregos e bens de consumo.

As energia alternativas: solar, eólica, etc, não dão conta do consumo das indústrias. Atualmente restam apenas as seguintes fontes viáveis em termos energéticos: hidrelétrica, nuclear e termoelétrica.

Não gosta de nenhuma delas? Então pare de consumir o que você diariamente consome (água encanada, luz, alimentos, internet, celular, andar de carro/ônibus, não compre bicicleta, etc) e aprenda a viver como os índios, sem alterar a natureza. Se não conseguir, então pare de reclamar da construção de novas usinas.

Lembre-se que as melhorias são lentas, levam décadas, mas estão ocorrendo.

E viva o Brasil!

O fim da Era Espacial?

José Monserrat Filho - 06 de Julho de 2011 - JC Email.
(chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB))



A revista britânica The Economist, edição de 30 de junho, anuncia "o fim da Era Espacial" (The end of the Space Age). Como subtítulo, a matéria de capa adianta algo para se começar a entender sua proposta: "O espaço interior é útil. O espaço exterior é história" (Inner space is useful. Outer space is history). A primeira frase parece correta, a outra, nem tanto.

Ideia básica: a Era Espacial tem vivido mais de fantasias que de realidades. "A visão vendida nos anos 50 e 60 era de aventura e fantasia", diz a revista. E tenta explicar: "Os fatos do projeto espacial norte-americano e de sua contraparte soviética induziram claramente à fantasia do 'Star Trek' e do '2001: Uma Odisseia no espaço'", dois best sellers da TV e do cinema. Os outros planetas, habitados ou não, e também as estrelas, estariam ali para serem tomados.

Certo? Sei não. Já no início dos anos 60, EUA e URSS acordaram: a Lua e os outros corpos celestes não poderiam ser objeto de apropriação nacional. À época, isso era realismo puro.

O quadro de fantasias não existe mais, continua o semanário. Hoje, os entusiastas das atividades espaciais, que ele chama de "os cadetes do espaço", "estão mais concentrados em aventuras privadas de pessoas como Elon Musk, nos EUA, e Sir Richard Branson, do Reino Unido, que esperam tornar o voo espacial comercialmente viável".

A revista esquece que a primeira rede ativa de telecomunicações diretas por satélite foi uma iniciativa privada. Chamava-se Telstar e pertencia ao consórcio liderado pela AT&T. Seu primeiro satélite, de órbita elíptica, lançado pela NASA de Cabo Canaveral, em 10 de julho de 1962, foi o primeiro voo espacial pago por uma empresa privada. A Telstar pode bater no peito e proclamar que realizou a primeira transmissão de televisão ao vivo entre Europa e EUA.

O que se menciona hoje como símbolo do empreendedorismo privado no setor é o turismo espacial, negócio na moda hoje nos EUA (certamente na falta de novidades mais sensacionais e emocionantes), talvez por isso mesmo muito divulgado pela mídia internacional.

The Economist define o turismo espacial como "serviço de luxo", cujo mercado "parece pequeno e vulnerável". Assino em baixo e indago: será que os breves minutos de glória passados à beira do espaço exterior, em voo semi orbital - luxo acessível exclusivamente a pessoas muito ricas -, também não seriam uma "fantasia" do tempo dos astronautas vistos como heróis, com direito a desfile na Praça Vermelha, de Moscou, ou papel picado na "Quinta Avenida", de Nova York?

Acaso a era dos "astronautas milionários" pode marcar "o fim da Era Espacial"? Vamos combinar: em pleno século XXI, quando se intensificam as atividades espaciais com a participação de um número cada vez maior de países e organizações, isso não tem pé nem cabeça.

Na verdade, o que inspira a matéria do The Economist é a despedida do ônibus espacial Atlantis. No próximo dia 8 de julho, este meio de transporte espacial reutilizável - lançado pela primeira vez em 1981 - deverá voar do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, EUA, direto para dentro dos livros de história, como frisa a própria revista.

Após 30 anos, 135 voos e dois desastres (Challenger, em 1986, e Columbia, em 2003), o programa dos ônibus espaciais, no qual tantas esperanças de modernidade, eficiência e economia foram depositadas, chega ao fim, sem pompas e circunstâncias. Endeavour, Discovery, Enterprise e o próprio Atlantis passam a ser ilustres e questionadas peças de museu. Valeu a pena?

"O programa nunca satisfez a ninguém", responde a revista e prevê o que vem por aí: "Bilhões de dólares serão economizados, milhares de trabalhadores na Costa Espacial da Flórida (e outros milhares em lugares mais distantes) perderão seus empregos, a Estação Espacial Internacional dependerá de foguetes russos, europeus e japoneses para levar os suprimentos necessários, e a nação que venceu a corrida espacial, colocando na Lua a marca dos pés de Neil Armstrong com o Apollo 11, ficará incapacitada para enviar astronautas ao espaço - sempre que quiser enviar alguém para lá, terá de alugar um assento num foguete russo." Bota ironia nisso.

Por falar em Estação Espacial Internacional, o semanário o considera "o maior desperdício de dinheiro já feito, cerca de US$ 100 bilhões, em nome da ciência".        Mas a César o que é de César: foram astronautas a bordo do Endeavour, em 1993, que consertaram o telescópio espacial Hubble: sem eles e o ônibus para efetuar o delicado ajuste de suas lentes, o revolucionário observatório teria virado um enorme elefante branco e zarolho no espaço.

Bastaria isso para dar mais credibilidade e prestígio aos ônibus espaciais? Michael Griffin, diretor geral da NASA de 2005 a 2009, já disse que não. No meio de sua gestão, em 2007, ele declarou, segundo The Economist, que o programa "custou tanto dinheiro e tempo que travou a NASA por décadas". E disse mais, ainda conforme a revista: "Se a NASA tivesse insistido nos foguetes Saturno, muito maiores, que impulsionaram as missões à Lua, os custos de lançamento teriam diminuído, a agência teria tido mais dinheiro para a ciência e a exploração do espaço profundo, e os astronautas já poderiam ter visitado Marte".

Fantasia ou realidade? Eu diria, sem pestanejar, que a Era Espacial, apesar de tudo, avança célere no rumo de uma realidade muito mais ampla e abrangente. A própria publicação reconhece isso em belas frases, no início da matéria: "O vácuo que circunda a Terra vibra com satélites artificiais, formando uma espécie de tecnosfera além da atmosfera. A maioria destes satélites circula apenas algumas centenas de kilometros acima da sólida superfície do planeta. Muitos, porém, formam um anel, como o de Saturno, que fica a uma distância de 36 mil km e onde qualquer objeto leva 24 horas para orbitar a Terra e, portanto, paira constantemente sobre o mesmo ponto do planeta."

A referência é às órbitas baixas da Terra e à órbita geoestacionária. Todas elas, mais as órbitas médias, "vibram" porque o número de satélites lançados só faz aumentar. O lixo espacial é uma prova: cresce vertiginosamente.

China, Rússia, Índia, França, Japão, Ucrânia, Suécia, Coreia do Sul, Austrália, Paquistão, Tailândia, Indonésia, Vietnã, Israel, Irã, Turquia, África do Sul, Nigéria, Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Bolívia, Peru, Venezuela, México, entre outros, todos estão dispostos e/ou preparados - uns com mais recursos que outros - a ter seus satélites em órbitas (construídos no próprio país ou comprados fora), prestando serviços a suas populações, instituições e empresas públicas e privadas. Ninguém admite tirar o time de um campo que se tornou absolutamente indispensável para qualquer programa de desenvolvimento nacional e fortalecimento da soberania. Crescem os anseios e as pressões por uma cooperação espacial mais dinâmica e eficiente, que promova benefícios mútuos e se capacitem de fato todos os países.

Não por acaso, os temas do acesso à informação científica e da transferência de tecnologias espaciais são cada vez mais discutidos. Nenhum país que se preze aceita ficar de fora. Todo mundo quer, no mínimo, contar com uma infraestrutura de equipamentos e especialistas, necessária para ter acesso, receber, processar, analisar, utilizar e agregar valor a imagens de satélite, essenciais à vida quotidiana de qualquer país - dados que o Brasil já propôs definir como "bens globais" de utilidade pública. E a comunidade mundial está cada vez mais preocupada com a sustentabilidade a longo prazo das atividades espaciais, ameaçadas pelo lixo que se acumula nas órbitas mais usadas e pelos planos de instalação de armas no espaço, com sua consequente conversão em teatro de guerra.

Esse imenso desafio já é debatido pelo Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço (COPUOS) e seu Subcomitê Técnico-Científico. Cedo ou tarde, ele será também examinado pelo Subcomitê Jurídico, encarregado de desenvolver progressivamente o direito espacial, atualizando, modernizando e tornando mais efetiva a regulamentação das atividades espaciais.

Outro sinal dos tempos: este ano, de 3 a 7 de outubro, pela primeira vez na longa história da Federação Internacional de Astronáutica, seu concorrido Congresso Anual, onde se reúnem também a Academia Internacional de Astronáutica e o Instituto Internacional de Direito Espacial, terá lugar no continente africano, na África do Sul, na Cidade do Cabo. Tema geral: African Astronaissance, ou seja, Astronascimento africano. (Saiba mais no site <www.iafastro.com>)

Prezada The Economist, perdoe a provocação, mas não seria mais realista mudar o título de sua capa desta semana para "Uma nova Era Espacial está surgindo"?

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Política: Itamar e as revelações no pós-morte. Revelações ou lembranças?

Como é natural quando uma personalidade nacional morre, os meios de comunicação durante algum tempo apresentam as "memórias", as bonitas palavras sobre o caráter, simpatia e tudo o mais que torna todos os mortos as melhores pessoas que já passaram pela face da Terra.

Em meio as estas memórias, lembranças e revelações (para os desatentos), apresentamos alguns textos que contém um apanhado sobre Itamar, o Plano Real (do qual FHC não foi o criador, vale ressaltar sempre), a relação com Lula, Serra, etc. Vale a pena ler porque contém aspectos dos bastidores de importantes momentos da História recente do Brasil.


Veja por exemplo, quando Ricardo Kotscho acompanhou Lula em viajem para conversar com Itamar, Kotcho revela que Lula havia sugerido o nome de José Serra a Itamar, para ocupar um certo Ministério. Eram outros tempos...

Destacamos no texto em amarelo as regiões que em nossa opinião o leitor deve prestar mais atenção:

Itamar, primeiro e único, queria PT no governo
(02/07/2011 - Ricardo Kotscho)


Itamar Franco: um honrado patriota
(03/07/2011 - Mauro Santayana)

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(02/07/2011 - Ricardo Kotscho)


Itamar Franco tinha sido eleito vice de Fernando Collor, mas quando o então presidente foi cassado por práticas pouco republicanas, em 1992, chamou Lula, que tinha sido o adversário deles nas eleições de 1989, para ajudá-lo a formar o novo ministério.

A esta altura, Itamar já estava rompido com Collor e, diante do rabo de foguete que pegou, tentou montar um governo de coalizão com o PT e o PSDB - uma proeza que nem os líderes dos dois maiores partidos brasileiros nunca haviam conseguido.

Itamar era mesmo diferente, um político fora dos padrões habituais no cenário nacional.

Acompanhei Lula na viagem a Brasília para conversar com Itamar e percebi, desde o início das conversas, que o PT, derrotado em 1989, nas primeiras eleições diretas para presidente da República, não iria participar do governo Itamar, já de olho nas eleições de 1994 (o PSDB logo aderiu e acabou elegendo o sucessor).

Lula até chegou a sugerir alguns nomes para um ministério suprapartidário - lembro-me de Adib Jatene, Walter Barelli e José Serra -, mas nenhum deles era do PT.

Quando falou no nome de Serra, teve quem se espantasse, mas Itamar, com um sorriso maroto, deu a mesma explicação de Tancredo para não aceitar a indicação dele para o Ministério da Fazenda.

"Muito bom nome... Só que esse aí quer ser presidente, vai querer o meu lugar, como já disse o Tancredo...".

Dos três, só Walter Barelli, então presidente do Dieese, ligado ao PT, mas não filiado, acabou fazendo parte do governo Itamar.

Voltei com Lula a Brasília no ano seguinte, para levar ao presidente Itamar Franco o projeto de Segurança Alimentar elaborado no Instituto Cidadania pela equipe de José Gomes da Silva, pai do ex-ministro José Graziano da Silva, que acaba de ser eleito diretor-geral da FAO.

Repetiu-se a mesma história: Itamar topou adotar o projeto, que era um embrião do Fome Zero, desde que Lula indicasse alguém do PT para comandá-lo. Lula indicou novamente um nome fora do PT, o do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que não era filiado a partido algum, imediatamente aceito por Itamar.

Diante das circunstâncias, Itamar Franco acabaria fazendo um ótimo governo, deixando o Palácio do Planalto no final de 1994, com um índice de aprovação popular semelhante ao de Lula, no final do ano passado.

Foi ele, afinal, quem colocou Fernando Henrique Cardoso na Fazenda e bancou o Plano Real, que acabou elegendo o ministro como seu sucessor.

Reencontrei Itamar, já como governador de Minas, no Palácio da Liberdade, no início deste século, como repórter da Folha de S. Paulo, com a missão de entrevistá-lo e traçar um perfil do ex-presidente acidental. "Não dou entrevistas, mas se você quiser passar alguns dias comigo aqui em Minas será bem recebido", desencorajou-me o governador.

De fato, todos me trataram muito bem e, quando cruzava com Itamar em algum corredor ou evento, ele me perguntava se eu estava sendo bem tratado. "Muito bem, governador, obrigado,  só falta a entrevista..."

Depois de quase uma semana de insistência, quando já tinha feito amizade com muitos dos seus colaboradores, ele topou responder a algumas perguntas por escrito. Soube mais tarde que Itamar não tinha gostado da matéria e queria saber quem me havia passado aquelas informações.

Assim era Itamar Franco, sempre meio imprevisível, instável, desconfiado de tudo e de todos, mas que acabou passando para a história como um presidente providencial, um homem probo, que nunca deixou de ser, antes de tudo, um político mineiro, embora tenha nascido num navio no litoral da Bahia.

Bobagem querer explicá-lo. Itamar era Itamar, primeiro e único.

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(03/07/2011 - Mauro Santayana)

O homem que morreu neste sábado não pertencia às elites políticas ou empresariais de Minas. Engenheiro, filho de descendentes de imigrantes (o pai, de alemães, e a mãe, de italianos) Itamar teve uma infância de classe média modesta. Não chegou a conhecer o pai, que morreu pouco antes que nascesse. Formado, com as dificuldades da situação familiar, em engenharia, aos 24 anos, trabalhou no saneamento básico na periferia de Juiz de Fora, antes de integrar os quadros do DNOCS. Esse contato com o povo o levou à vida pública.

Itamar não foi um político definido pelos estereótipos. Destacaram-se em sua personalidade e ação política os dois sentimentos que orientam os grandes homens públicos de Minas: o do nacionalismo – que vem da Inconfidência - e o da justiça social. Não há como negar a Itamar o alinhamento ideológico à esquerda. Um de seus ídolos desde a adolescência foi o gaúcho Alberto Pasqualini, dos mais importantes pensadores políticos brasileiros e conselheiro de Getúlio.

Como é de conhecimento público, prestei assessoria informal ao Presidente, e, mais tarde, ao governador. Pude acompanhar, de perto, seu empenho na defesa dos interesses nacionais e da moralidade no governo. Acompanhei, de perto, as suas preocupações, quando decidiu adotar, a conselho de membros da equipe econômica, o expediente antiinflacionário da Alemanha dos anos 20 – o Plano Schacht. Era a segunda vez que se tentava, no continente, a mesma estratégia contra a hiperinflação, bem conhecida como matéria de estudos financeiros. A primeira fora a do Plano Austral, da Argentina. Também o Plano Cruzado, de Sarney, contemplava algumas de suas medidas.

Conhecedor de matemática, Itamar reviu o plano, ponto a ponto, fez correções que lhe pareceram apropriadas e, só depois disso, assinou a medida provisória que o implantou.

Poucos dias antes de sua internação, estive em seu gabinete, em companhia do Embaixador Jerônimo Moscardo, que foi seu Ministro da Cultura. Ao nos cumprimentar, visivelmente gripado, Itamar reclamou do ambiente frio do Senado. “Esse ar acondicionado é de matar”. E disse que estava com uma gripe que não cedia.

Convidou-nos para uma visita ao gabinete do presidente José Sarney, ao lado do seu. Conversamos os quatro, alguns minutos, sobre a situação do país e do mundo. Relembramos a personalidade de Tancredo Neves e episódios menos conhecidos do processo de transição democrática que, pelas circunstâncias do tempo, Sarney e este jornalista haviam vivido mais de perto.

Itamar estava preocupado com a situação do país, e a necessidade de que se formassem líderes capazes de enfrentar as dificuldades internacionais do futuro próximo. Naquele mesmo dia, ele solicitara da Mesa do Senado a transcrição de um artigo meu, publicado neste jornal, de reparos ao seu sucessor.

O grande êxito de Itamar pode ser explicado pela renúncia pessoal às glórias e pompas do poder. Não foi açodado em assumir o governo, depois do impeachment de Collor. Coube a Simon instá-lo a isso, sob o argumento da razão de Estado: o poder não admite o vazio. Logo que assumiu a Presidência, reuniu todos os dirigentes partidários e líderes no Congresso, sem excluir ninguém, nem mesmo o folclórico Enéas Cardoso. Disse-lhes que estava disposto a convocar eleições imediatas para a Presidência e Vice-Presidência, se estivessem de acordo. Silenciou-se, à espera da resposta – e ninguém concordou. Por duas ou três vezes, ele me disse que, apesar daquela recusa unânime, talvez tivesse sido melhor consultar o povo, naquela difícil circunstância.

Quando se pôs o problema de sua sucessão, tendo em vista a sua altíssima popularidade – de mais de 80% - alguns líderes políticos lhe propuseram a apresentação de emenda constitucional permitindo a sua reeleição. Itamar recusou, com veemência, a proposta. O democrata não poderia admitir o golpe que seu sucessor desfecharia.

Mais do que sanear a moeda, Itamar ficará na História por haver recuperado a credibilidade da Presidência da República junto ao povo brasileiro. Poucos, muito poucos, dos que exerceram o alto cargo ao longo da História, ficarão na memória da Nação com a mesma e sólida presença de Itamar Franco, modesto homem do povo, intransigente patriota, severo guardião do bem público.

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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Educação: O fim do vestibular nas federais

Comento o texto apresentado abaixo, que saiu no Estadão em 06/07/2011, com o título: "O fim do vestibular nas federais".

Além de dados interessantes, há uma opinião corrente de que o fim do vestibular implicará no fim da "indústria de cursinhos". Não creio que o fim de um levará ao fim do outro.

Isto porque muitos cursinhos não são apenas cursinhos, mas tornaram-se/tornam-se escolas ou fazem parte de uma. E mais, com a substituição do vestibular pelo Enem, o que você acha que vai ocorrer com os cursinhos? O Enem vai virar o novo funil, a nova peneira e:

>> Provavelmente os cursinhos passarão a ensinar como tirar boa nota no Enem!


O Enem foi criado para diagnosticar o Ensino Médio. Agora está sendo cada vez mais utilizado como porta de entrada na Universidade. Não vai demorar muito para os cursinhos adaptarem-se ao esquema do Enem. (Imagino, devem existir os que já se adaptaram).

E como conseqüência, tanto no ensino público como privado, o Enem, indiretamente, vai direcionar o que deve ser ensinado e o que não deve, ou seja, vai levar os educadores a selecionar o conteúdo das disciplinas, o que na prática significa uma alteração na grade curricular. Se o Enem focar mais nisso ou naquilo, este será o foco nas aulas, a fim de que os alunos tirem uma boa nota no Enem.

Portanto, imagino que o Enem vai direcionar a grade curricular do Ensino Médio. Se isto é bom ou é ruim, depende de por quem e como as provas do Enem serão feitas, e isso só o tempo nos mostrará.

Mas, uma coisa eu sempre digo: deveríamos ter um exame nacional para admissão em todas as universidades. Para isto é claro, o ensino básico deveria ser mais ou menos uniforme no país. E num país de dimensões continentais, isto leva muito tempo para ser ajustado.

Aplaudo o Conselho Universitário da UFRJ, pelo que consta no texto do Estadão:

"Na mesma sessão, que durou cerca de três horas, o Conselho Universitário rejeitou por 17 votos contra 12 a adoção do sistema de cotas raciais ou étnicas, optando por expandir o sistema já vigente de cotas sociais, que beneficiam alunos pobres e oriundos da rede pública de ensino básico. A partir de 2011, 30% das vagas serão preenchidas por egressos de escolas públicas - com a condição de que a renda per capita familiar dos candidatos selecionados seja de um salário mínimo (R$ 545). Em 2010, as cotas sociais preencheram 20% das vagas oferecidas."

Apoio as cotas sociais. Não são a solução, e devem existir por um certo tempo. A solução é tornar o ensino básico público tão bom como é o ensino superior público (em geral, melhor que o privado).

Cotas raciais são uma importação do que ocorreu, e é criticado inclusive por negros, nos EUA (veja aqui), onde até a década de 60 do século passado vigorava uma linha racial estabelecida pelo Estado (a color line). Enquanto aqui no Brasil, o problema é sócio-econômico, e não racial (veja aqui), até porque raças não existem entre os seres humanos. No máximo podemos diferenciar as pessoas por 'etnias', que por sua vez são definidas basicamente por critérios culturais.

Confira o texto no Estadão:



06/07/2011
Editorial do O Estado de São Paulo

Apesar das trapalhadas administrativas cometidas pelo Ministério da Educação (MEC) nas duas últimas versões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - com o vazamento de questões, em 2009, e erros de impressão, em 2010 -, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) decidiu abolir o vestibular próprio, a partir deste ano, e adotar integralmente o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), baseado nas notas obtidas pelos estudantes no Enem.

A UFRJ oferece mais de 9 mil vagas em seus vestibulares. No ano passado, 40% dos seus alunos ingressaram na universidade somente com base nas notas do Enem. Na mesma sessão, que durou cerca de três horas, o Conselho Universitário rejeitou por 17 votos contra 12 a adoção do sistema de cotas raciais ou étnicas, optando por expandir o sistema já vigente de cotas sociais, que beneficiam alunos pobres e oriundos da rede pública de ensino básico. A partir de 2011, 30% das vagas serão preenchidas por egressos de escolas públicas - com a condição de que a renda per capita familiar dos candidatos selecionados seja de um salário mínimo (R$ 545). Em 2010, as cotas sociais preencheram 20% das vagas oferecidas.

Como a Universidade Federal do Rio de Janeiro é uma das mais prestigiadas universidades públicas do País, essa decisão certamente estimulará outras instituições de ensino superior mantidas pela União e pelos Estados a seguir o mesmo caminho. Na rede federal, constituída por 59 universidades, a UFRJ não é a primeira a adotar o Enem como critério único para preenchimento das vagas - mas é a mais antiga e a mais importante.

A consolidação do sistema nacional de seleção unificada deverá valorizar ainda mais as
avaliações do Enem. Segundo os especialistas, isso aponta um caminho sem volta para o
fim dos tradicionais exames vestibulares - que medem apenas a capacidade dos estudantes de memorizar conceitos e fórmulas. Por tabela, o fim do velho vestibular também pode acarretar a morte da "indústria de cursinhos", que atrai todos os anos uma legião de vestibulandos.

Apesar dos graves problemas que a inépcia do MEC causa às escolas, às universidades e
aos estudantes, nas duas últimas edições do Enem, as provas desse sistema de avaliação - criado há 13 anos pelo então ministro Paulo Renato Souza, recém - falecido -valorizam o princípio do mérito. Por serem discursivas, baseadas na interpretação histórica e conjuntural de textos longos e voltadas para o raciocínio lógico, o sucesso nessas provas de pende de muita leitura, da capacidade analítica e das habilidades e competências dos estudantes.

Desde o seu início, o Enem é muito respeitado pelos alunos do ensino médio. Entre 1998 e 2008, o teste continha 63 questões e era realizado num único dia. Com a criação do Sisu, a partir de 2009 o Enem passou a ter quatro provas objetivas, com 45 questões de múltipla escolha cada uma, além de uma redação, sendo realizado em dois dias. No primeiro Enem, em 1998, participaram cerca de 157 mil estudantes - no ano passado, o número foi 30 vezes maior, chegando a 4,6 milhões de inscritos.

Para o exame deste ano, que será realizado nos dias 22 e 23 de outubro, inscreveram-se 6.221. 697 estudantes. A opção da Universidade Federal do Rio de Janeiro pelo sistema de seleção unificada do Ministério da Educação - em detrimento do vestibular próprio - e pelo sistema de cotas sociais - em detrimento do sistema de cotas raciais ou étnicas - foi bem recebida pela comunidade acadêmica e por organizações não governamentais que mantêm cursos preparatórios comunitários para jovens carentes. Eles alegam que essas decisões da UFRJ democratizam o acesso aos seus cursos de graduação sem comprometer o princípio do mérito.

Evidentemente, as mudanças promovidas na maior e mais importante universidade federal somente darão certo se os burocratas do MEC não voltarem a cometer trapalhadas administrativas que comprometam a credibilidade do Enem, como ocorreu em 2009 e 2010.
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Economia: Comissão Europeia critica agência de classificação de risco

A Comissão Europeia criticou fortemente as agências de classificação de risco, após o rebaixamento do status da dívida de Portugal.

Atualizado em  6 de julho, 2011 - 11:10 (Brasília) 14:10 GMT

Segundo a comissão, o momento do rebaixamento foi "questionável" e levantou a questão da "propriedade do comportamento" das agências em geral.

Mais cedo, o ministro do Exterior grego, Stavros Lambridinis, disse que as ações das agências durante a crise financeira foram "loucas".

Agências de classificação de risco, entre elas Standard & Poors, Moody's e Fitch, rebaixaram Grécia e Portugal diversas vezes recentemente.

Especulação

Na terça-feira, a Moody's rebaixou o status da dívida de Portugal para o nível de grau especulativo (também chamado de junk, ou lixo, em tradução literal) e justificou a decisão dizendo que há um crescente risco de o país precisar um segundo pacote de resgate antes que consiga, por sua conta, levantar verbas no mercado internacional.

Para o porta-voz da Comissão Europeia Amadeu Altafaj, "a decisão da Moody não só foi divulgada em um momento questionável, mas também baseada em cenários absolutamente hipotéticos que não estão alinhados com as ações implementadas".
"Este é um episódio lamentável e levanta mais uma vez a questão da propriedade do comportamento das agências de classificação de risco", disse ele.

O presidente da Comissão Europeia, Manuel Barroso, disse que a decisão da Moody's "acrescenta mais um elemento especulativo à situação".
Ele também afirmou ser estranho que nenhuma dessas agências seja baseada na Europa.
"(Isso) mostra que pode haver algum tipo de preconceito nos mercados em relação à avaliação de determinadas questões específicas da Europa."

Profecia

O ministro do Exterior da Grécia, Stavros Lambrini, também criticou o rebaixamento de Portugal, dizendo que a decisão da agência não foi tomada com base em nenhum fracasso do país em implementar reformas econômicas e que está exacerbando uma situação que já é extremamente difícil.

Ele disse que a agência Moody's "assumiu que Portugal precisaria de um novo pacote de ajuda", algo que tem "a maravilhosa loucura de uma profecia cuja previsão está fadada a se cumprir", já que torna mais difícil para o país conseguir empréstimos no mercado.

Portugal, Irlanda e Grécia já receberam pacotes de resgate financiados pela União Europeia e pelo FMI na tentativa de recuperar suas economias e evitar a moratória.
No caso da Grécia, um segundo resgate, estimado em 120 bilhões de euros, já está em fase de negociações.

As agências de classificação de risco estão acompanhando de perto este processo, já que a União Europeia pediu que credores comerciais colaborem em futuros pacotes de ajuda a países endividados.
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