Postagens mais recentes

sábado, 2 de abril de 2011

Ações afirmativas, cotas raciais, etc.

Não existem raças. Portanto o termo "cotas raciais' é um absurdo.



Segue um vídeo muito interessante. Se fosse um "branco" a dar esta entrevista no Brasil, seria taxado de "racista" (contra os negros). Mas como é um "negro", pode falar à vontade. Claro que será taxado de outra maneira, enfim. Mas vamos julgar o mérito da questão:


Walter Williams é professor universitário na Virgínia, EUA. O economista acredita que o livre mercado é o melhor instrumento regulador de qualquer tipo de relação. Ele defende sua teoria com aplicações em questões políticas, econômicas e sociais.

Livre Mercado é o melhor instrumento regulador de qualquer qualquer tipo de relação, seja humana ou mercantil. Segundo ele, quanto menos interferência
de Governo, em qualquer área, melhor.

Uma prisão indevida ou a tortura, por exemplo, ele ve como atentados contra um tipo de propriedade privada, o seu corpo.

A repressão política ameaça outras propriedades, como o direito a livre expressão
e a livre associação.

Com esse mesmo raciocínio, Williams questiona os resultados e a eficácia das chamadas ações afirmativas e das cotas raciais nos EUA, que começaram a
ser implementadas no fim dos anos 60 durante o Governo de Richard Nixon [1969-1974].

Ele vai além, diz que os negros dos EUA - ele é contra o uso do termo afro-americano, se prejudicam porque essas ações afirmativas reforçam os estereótipos raciais e desestimulam a iniciativa própria.

Entrevista, GloboNews:

(...)

Williams: Uma coisa que as pessoas precisam entender, é que, se analisarmos os negros estadunidenses hoje, se pensarmos nos negros estadunidenses como uma nação à parte, se levarmos em conta nossa renda, nossa produção anual, seríamos a 14ª ou 15ª nação mais rica da Terra.

Alguns dos negros estadunidenses estão entre as pessoas mais ricas do mundo. Algumas estão entre as mais famosas do mundo. Um negro estadunidense foi comandante em chefe do exército mais poderoso do mundo, Colin Powell. Agora temos o presidente.

O que isso significa é que, se voltássemos a 1865, quando a Guerra Civil terminou, nenhum escravo ou dono de escravo acreditaria que esse tipo de progresso seria possível em pouco mais de 100 anos.

Isso depõe a favor da nação em que esses avanços foram possíveis. Não teriam sido possíveis em outro lugar. E representa bem o povo que conquistou esse progresso.

GN: Vamos usar a sua linha do tempo. Nixon, o começo da ação afirmativa. O progresso alcançado pelos negros do fim da Guerra Civil até o governo de Nixon, nos anos 1970, e o progresso alcançado do governo Nixon até hoje. O progresso foi maior e melhor antes da ação afirmativa?

Williams: Eu tenho um colega que fez um amplo trabalho de pesquisa aqui. Ele indica que o progresso dos negros estadunidenses de 1940 até 1960 foi maior do que o progresso alcançado entre 1960 e 1980. Era necessário acabar com as leis mais abusivas e preconceituosas [leis de separação racial].

Por exemplo, houve uma época em que os negros não jogavam basquete profissional. Hoje em dia, 80% dos jogadores são negros. Não jogavam futebol americano. Hoje 60% dos jogadores são negros. E não foi a ação afirmativa, foi o fato de eles serem muito bons.

GN: Agora veja isto, pelo ponto de vista da discussão. Estamos falando da capacidade física que define uma progressão genética. A progressão genética é diferente da progressão da oportunidade econômica, da progressão intelectual. Quando o senhor diz que, sem as políticas de ação afirmativa, os negros se saíram muito bem em áreas como o basquete, não é um pouco diferente?

Williams: Não. Se você analisar a questão, somando o que os negros ganham a cada ano, isso é muito significativo. Seríamos a 14ª ou 15ª nação mais rica do mundo, se pensasse em nós como uma nação. É um progresso imenso, e duvido que se possa atribuir à ação afirmativa.

GN: O senhor acabaria com ela hoje, com as cotas e o resto?

Williamos: Sim, eu acabaria. Em primeiro lugar, acho uma injustiça o sistema de cotas. Em segundo lugar, ele não age a favor das pessoas chamadas de "beneficiárias das cotas". Por exemplo, muitas faculdades tem sistema de cotas. O que elas fazem, como Harvard, Yale e MIT, é recrutar alunos negros para seus cursos. Por serem faculdades de altíssimo nível, muitas vezes os negros param de estudar porque não conseguem competir.

Se tivessem entrado em outras faculdades, de nível não tão elevado, concluiriam o curso. Muitas vezes a ação afirmativa trabalha contra as pessoas que supostamente se beneficiariam.

GN: Se eu não tenho escola quando criança, se não tenho uma escola de ensino médio ou uma faculdade para frequentar, como poderei competir?
Não é justo que eu tenha alguma?

Williams: Não estou dizendo a ninguém para me ter como exemplo, mas, se
analisar a minha vida, eu nasci bem no meio da Grande Depressão, quando
havia muito preconceito. Eu consegui competir com meus colegas. Fui para a
UCLA [Universidade da Califórnia, em Los Angeles] e fiz meu doutorado quando
a universidade estava em 10º lugar no ranking de qualidade das universidades do
país.

Isso quer dizer que, se minha educação não foi tão boa quanto a dos outros alunos
lá, eu tive que me esforçar mais, tive que estudar mais, mas não recebi nenhum
privilégio. Talvez um cara de uma família rica que frequentou escolas de classe
média fizesse os trabalhos dele em uma hora, e eu levasse cinco horas para
fazer os mesmos trabalhos. Mas a questão é que os trabalhos foram feitos.

GN: No Brasil, pessoas de origem negra são a maioria da população. Eles não
tem privilégios. O senhor acho que deve ser assim?

Williams: Acho que em vez de privilégios, as pessoas precisam de oportunidades.
Existem muitas leis e regulamentações, e não conheço todas as do Brasil,
mas há muitas leis e regulamentações que cortam os últimos degraus da
escada econômica.

Só um exemplo: na cidade de Nova York, para obter a licença de dono e motorista
de táxi, em Maio de 2007, essa licença custava US$ 600.000,00. Que efeito tem
uma Lei como essa? Ela corta os degraus inferiores da escada econômica.
Impede que qualquer pessoa sem dinheiro ou financiamento seja taxista.

Leis do salário mínimo. A Lei Davis-Bacon nos EUA. Leis que estabelecem salários mínimos discriminam pessoas pouco capacitadas, que não conseguem subir na escada econômica.

O que eu proponho para as pessoas não só nos EUA, mas no mundo todo, é que
tenhamos um sistema de maior livre iniciativa, de troca pacífica e voluntária.

GN: O senhor não acha que alguém contra-argumentaria que a ação afirmativa ajudou neste ponto?

Williams: A ação afirmativa não ajudou neste ponto. Novamente voltamos às estatísticas. Analisando antes e depois da ação afirmativa, vemos que o progresso e os ganhos dos negros foram maiores antes da política de ação afirmativa.

GN: O senhor propôs o laissez-fair na economia. Nós tivemos uma grande desregulamentação do sistema financeiro nos anos 1990 e na década de 2000. Em 2008 houve uma enorme crise, porque não havia controle das finanças garantidas pelas hipotecas.

Williams: Mas isto foi causado pelo Governo, por Fannie Mae, Freddie Mac e outros. E as regulamentações do Governo nos EUA que obrigavam os bancos a concederem empréstimos a quem eles não concederiam de outra maneira. Foi a chamada Lei de Reinvestimento Comunitário que possibilitou aos pobres comprarem casa própria. Obrigaram os bancos a fazer empréstimos a quem eles não teriam feito de outra forma. Foi uma grande parte da crise hipotecária do país.

GN: Mas não foi uma obrigação foi uma opção.

Williams: Não, eles disseram aos bancos:

Se quiser abrir outra agência, se quiser ter permissão para abrir outra agência, tem que nos mostrar que concedeu empréstimos a pobres, negros ou minorias. Tem que nos provar que deu empréstimos. 

Fizeram chantagem com os bancos. E os bancos se dispuseram a correr esse risco, porque sabiam que o governo os ajudaria.

GN: O senhor acha que a crise de 2008 não foi causada pela desregulamentação.

Williams: Foi causada pelo Governo. A maioria das crises econômicas que ocorrerem nos EUA e no resto do mundo é causada pelo Governo. São as regulamentações do Governo.

GN: A desregulamentação que o senhor propõe é bastante ampla, inclusive em termos de liberdade de expressão e direitos civis. O senhor não vê necessidade de regulamentar nada disso?

Williams: Eu acho que é o tipo de regulamentação que, quando é feita... É o tipo de regulamentação e de leis que me impedem de obrigar você a fazer aquilo que você não quer. Deve haver leis que me proíbam de roubar você, leis que me impeçam de cometer uma fraude contra os outros. Mas, quando as leis que restringem e regulamentam a troca voluntária e pacífica, eu sou contra.

GN: O senhor não vê necessidade de que haja regulamentações ou leis contra a discriminação em um lugar que não receba verbas públicas.

Williams: Sim, certo.

GN: Então, eu tenho a liberdade de discriminar se tiver minha empresa?

Williams: Sim. Porque eu valorizo muito a liberdade de associação. Quando você diz que acredita em liberdade de associação, você deve permitir que as pessoas sejam livres para se associarem de formas que você despreza. É o verdadeiro teste de comprometimento.

GN: A Ku Klux Klan era um grupo livre de associados.

Williams: Eles praticavam violência, mataram pessoas. Eu sou contra isso! Eu disse que as pessoas devem ter o direito de fazer trocas voluntárias e pacíficas.

GN: O senhor está partindo do princípio de que uma pessoa que usa a liberdade de expressão para dizer coisas que o senhor odeia, pode fazer isso e continuar lá. E se o objetivo daquela pessoa for totalmente diferente? Se for usar essa liberdade de expressão para, mais tarde, limitar a sua liberdade de expressão?

Williams: Isso é errado.

GN: Mas isso acontece.

Williams: Isso não deve ser permitido. Pense nesse tipo de discriminação e se você o permitiria, caso fosse do governo; o Presidente.

Quando eu estava escolhendo uma esposa, em 1960, eu não dei a nenhuma mulher branca a oportunidade de casar comigo, nem a nenhuma brasileira. Eu discriminei e escolhi apenas entre negras. Eu devo ter a liberdade de me associar assim?

GN: Sim, deve.

Williams: Isso é discriminação. Evidentemente o que estou sugerindo é que a discriminação racial tenderia a acabar sozinha, se não fosse apoiada por alguma Lei. Ninguém tem moral para dizer:

"Vamos ajudar indivíduo D hoje, punindo o indivíduo C hoje, por aquilo que o indivíduo A de ontem fez ao B de ontem."

O que estou dizendo é... Você está dizendo:

"Vamos ajudar o negro hoje punindo o branco hoje, pelo que o branco de ontem fez ao negro de ontem."

Não é um sistema muito bom. Aliás, preciso acrescentar que os negros brasileiros deveriam estar muito à frente dos negros estadunidenses.

GN: E por que não estão?

Williams: Acho que é porque a sociedade brasileira não é tão livre.

GN: Claro, ainda existe discriminação.

Williams: Não, não. Não foi o que eu quis dizer.

GN: Mas é verdade.

Williams: Tudo bem, mas eu me refiro à regulamentação das atividades econômicas.

GN: A discriminação é insidiosa. Não precisa estar escrita nas leis, só precisa ser exercida. Ela existe e sempre existiu no Brasil

Williams: Ela existe em toda parte, até nos EUA, mas estou dizendo que a  liberdade econômica reduz a pressão da discriminação racial.

Por exemplo, quando as pessoas são capazes de fazer leis como a dos táxis de que dei exemplo, isso fortalece a discriminação racial. Mas se disser que qualquer pessoa pode ter um táxi...

GN: Porque uma pessoa poderia entender isso como: "Os negros brasileiros são preguiçosos. Po que não se saíram tão bem?"

Williams: Eu não citaria isso como motivo.

GN: Mas por quê?

Williams: Como acabei de dizer, foi a regulamentação econômica, que é a falta de liberdade econômica no Brasil. É uma tradição no Brasil.

GN: A liberdade econômica, na sua opinião, é a saída.

Williams: É, sim. E, se olhar pelo mundo, se você quisesse categorizas as pessoas, se fosse à Anistia Internacional para classificar países de acordo com a proteção aos direitos humanos, ou se os classificasse pela renda per capita, veria que a maior riqueza desses países é o grande sistema de livre comércio.

Os países mais pobres são socialistas ou comunistas. Você pode perguntar, como pode o Chile ser tão mais rico que a maioria dos outros países da América do Sul? Eles não tiveram grande liberdade política sob o governo de Pinochet, mas tiveram uma maior liberdade econômica.

Como pode a Coreia do Sul ser mais rica que a do Norte? É por causa da liberdade econômica. Por que a Alemanha Ocidental era mais rica que a Oriental? Porque tinha maior liberdade econômica.

GN: Os EUA tem um presidente negro pela primeira vez. Acha que ele será um sucesso?

Williams: Não, eu não acredito.

GN: Por quê?

Williams: Acho que será como Jimmy Carter. Será um governo fracassado. Não é muito bom para o 1º presidente negro.

GN: Por que será um fracasso?

Williams: Se analisar a reforma da Saúde [não há saúde pública e gratuita nos EUA], que ninguém quer, poucos estadunidenses querem, se analisar nossa posição na diplomacia internacional, se vir os problemas econômicos com que ele está lidando...

GN: E os problemas econômicos que ele herdou?

Williams: Bem, sim (risos).

GN: Mas é verdade.

Williams: Essa desculpa não serve para sempre.

GN: Está dizendo que, se me der uma casa meio destruída, depois de 6 meses, não posso mais dizer que está destruída?

Williams: É assim com pessoas do mundo todo que culpam o colonialismo por seus problemas. Pessoas de países do Terceiro Mundo dizem que foi o colonialismo. Elas só querem uma desculpa. Se analisar o Governo Roosevelt, o New Deal fez a Grande Depressão ser muito pior do que teria sido.

GN: No segundo mandato do presidente Roosevelt, os EUA eram o país mais rico do mundo, saindo da maior Depressão. Então? As coisas até podem ter piorado mas os EUA, em 1942, já era o país mais rico do mundo. Era o mesmo presidente que o Sr. diz que piorou tudo.

Williams: Sim, ele piorou. A maioria dos economistas que estudam os anos 1930 dizem que, sem o New Deal e também o último ano do Governo de Herbert Hoover, a Depressão teria durado 3 anos. Teria sido muito mais rápida, mas ele a transformou em algo que durou até 1945, 1946.

GN: Não é uma crítica sem fundamentos práticos?

Williams: Não, não é. Se analisar os EUA de 1787, data de sua criação, até os dias de hoje, aliás, até os anos 1930, ninguém achava que o Governo Federal deveria se envolver em questões econômicas. Foi só em 1930 que o Governo Federal se envolveu e a situação piorou.

GN: Se bem lembro, em 1929, houve uma grande queda em Wall Street, e o país se viu sem...

Williams: Isso não é verdade. O crash da bolsa, em 1929, não teve nenhuma relação com a Depressão.

GN: O que o causou?

Williams: Foi uma ação do Federal Reserve Bank [Banco Central dos EUA].

GN: Depois da Depressão?

Williams: Não, não. Foi no fim dos anos 1930. Quero dizer, fim da década de 20 e começo dos anos 30. Em 1987, houve uma grande queda na bolsa de valores. Não houve depressão econômica. Bolsa de valores e depressão não caminham juntas. Acredito que a maior contribuição para o bem-estar da Humanidade é a liberdade pessoal.

(continua)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário aqui. Críticas, sugestões. Seu feedback é importante para nós.